A ferrugem asiática e os nematoides são os piores, mas não os únicos inimigos da soja. Ultimamente os produtores têm notado uma maior incidência da mancha-alvo. A antracnose também foi debatida no congresso ocorrido em Cuiabá.
Uma pesquisa realizada pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso, Fundação MT, analisou a safra de soja 2011/2012 e pontuou as incidências, causas e o controle das enfermidades que mais atacaram os grãos no Estado. Como parte da programação de encerramento do VI Congresso Brasileiro de Soja, realizado na última semana, em Cuiabá, o pesquisador e palestrante Fabiano Siqueri comentou que diversos fatores podem retrair a eficácia de uma técnica adotada para o controle de doenças da soja.
A moléstia que mais preocupa os agricultores é a ferrugem asiática da soja, que chegou no Estado em 2002. Hoje, dez anos após o aparecimento da doença, a aplicação do vazio sanitário fez com que a ferrugem perdesse a força nas plantações mato-grossenses. Conforme o pesquisador, o “vazio sanitário é uma medida que deve ser respeitada e tratada com a importância que merece”. Aliar ações como o uso de produtos químicos, variedades resistentes, aplicação na dose certa e no momento exato, entre outras, fazem parte do pacote de recomendações para quem não quer ter prejuízos.
A aplicação dos fungicidas, prática comum atualmente, já foi mal vista pelos produtores. “Porém, ao passar do tempo, algumas medidas inadequadas comprometeram a técnica”, disse. A ferrugem asiática é uma das doenças mais severas que incide na cultura da soja. Os sintomas iniciais da doença são pequenas lesões foliares, de coloração castanha a marrom-escura. As plantas infectadas apresentam desfolha precoce, que compromete a formação, o Folhaenchimento de vagens, a qualidade e o peso final do grão.
Na palestra “Manejo de doenças na cultura da soja: análise do cenário atual e perspectivas futuras”, Siqueri considerou outras duas doenças que também interferem na produtividade: a antracnose e a mancha alvo. A primeira, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, é uma das principais doenças da soja nas regiões dos cerrados.
Sob condições de alta umidade, causa apodrecimento e queda das vagens, abertura das vagens imaturas e germinação dos grãos em formação. O pesquisador alertou ainda aos agricultores mais cuidado no diagnóstico da antracnose. “O principal problema é que quando a pessoa vê vagem caída e seca já acha que é a doença”, ressaltou.
Já a mancha alvo é uma enfermidade que ataca as folhas, caules, raízes e flores das plantas. As folhas infectadas apresentam manchas circulares, castanho-avermelhadas, de tamanho variável, com anéis concêntricos mais escuros, semelhantes a um alvo, originando o nome da doença. “Depois da ferrugem, a soja de Mato Grosso sofre mais com a mancha alvo. Ela começa como uma lesão amarronzada, se alastrando sempre debaixo para cima”, explicou Siqueri.
Para o agrônomo, a doença chave da cultura da soja é a ferrugem. Ele defende que todo o manejo complementar deve ser feito em função dessa moléstia. Muitas vezes os produtores dão mais importância às doenças como antracnose e mancha alvo e deixam a ferrugem em segundo plano.
“Salvo em condições onde há a ocorrência de mofo branco e mela, doenças que exigem um controle específico e antecipado em relação ao que é recomendado para a ferrugem, o controle integrado deveria ser guiado pelo da ferrugem asiática. Isto é verdadeiro tanto em termos de produtos escolhidos como época e intervalos de aplicação adotados”, finalizou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário